... e dezoito centavos. Era tudo que
tinha para gastar até o final da semana, contando hoje, amanhã e depois. Era
seu segundo dia de volta e já estava pensando em como iria se virar. Não tinha
culpa de estar na pior. Voltou contando de vender a maconha que tinha enterrada
no quintal. Tinha ficado pouco tempo na cadeia, e enquanto voltava, no ônibus,
imaginou que seria realmente muito bom se a droga não estivesse mofada, e mesmo
que o tempo tivesse seu fascinante exercício sobre a erva, ainda assim iria conseguir
vender alguma coisa, pelo menos por um tempo, até pensar em que fazer da vida.
Achar um rumo. Uma garota. Ter um filho. Aquelas coisas respeitáveis.
Pernalonga, como era chamado por
todos, nem chegou a cogitar de pedir ajuda aos tios. Não iria dar esse prazer a
ninguém. O pai não dera, e ele sempre se orgulhara de ser tão tinhoso quanto
seu velho. Deu no que deu.
Lembrou-se: das coisas respeitáveis,
também precisava arranjar um emprego. E é aí que o bicho pega.
Primeiro os planos foram por água abaixo
quando chegou em casa e encontrou o quintal revirado. Uma despeita!, tudo
quant’é viciado da cidade devia de ter batido em seu quintal em busca de alguma
coisa. Fuçaram tanto que encontraram.
Depois, no dia seguinte, mais
consternado, juntou algumas economias que tinha guardado no armário da cozinha
e uns trocados que tinha emprestado da irmã de um de seus companheiros de cela,
e foi para o centro da cidade, comprar comida. No entanto, antes que chegasse
ao mercado, o pior aconteceu e Pernalonga se apaixonou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário