domingo, 6 de abril de 2014

Seqüência 2 - Voltando para casa



            ... e dezoito centavos. Era tudo que tinha para gastar até o final da semana, contando hoje, amanhã e depois. Era seu segundo dia de volta e já estava pensando em como iria se virar. Não tinha culpa de estar na pior. Voltou contando de vender a maconha que tinha enterrada no quintal. Tinha ficado pouco tempo na cadeia, e enquanto voltava, no ônibus, imaginou que seria realmente muito bom se a droga não estivesse mofada, e mesmo que o tempo tivesse seu fascinante exercício sobre a erva, ainda assim iria conseguir vender alguma coisa, pelo menos por um tempo, até pensar em que fazer da vida. Achar um rumo. Uma garota. Ter um filho. Aquelas coisas respeitáveis.
            Pernalonga, como era chamado por todos, nem chegou a cogitar de pedir ajuda aos tios. Não iria dar esse prazer a ninguém. O pai não dera, e ele sempre se orgulhara de ser tão tinhoso quanto seu velho. Deu no que deu.
            Lembrou-se: das coisas respeitáveis, também precisava arranjar um emprego. E é aí que o bicho pega.
            Primeiro os planos foram por água abaixo quando chegou em casa e encontrou o quintal revirado. Uma despeita!, tudo quant’é viciado da cidade devia de ter batido em seu quintal em busca de alguma coisa. Fuçaram tanto que encontraram.
            Depois, no dia seguinte, mais consternado, juntou algumas economias que tinha guardado no armário da cozinha e uns trocados que tinha emprestado da irmã de um de seus companheiros de cela, e foi para o centro da cidade, comprar comida. No entanto, antes que chegasse ao mercado, o pior aconteceu e Pernalonga se apaixonou.

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