Francisquim chegou logo depois.
Jogou uma partida com Pernalonga. Alguns baseados depois, falou da noite
anterior: - Pensei que você fosse dar uma de gostoso e ia ficar oferecendo
maconha pra todo mundo ali. Molecagem, Perna. O Hosana não quer essa putaria.
Se manja, porra.
- Mermão, eu ofereci droga pra alguém?
Pernalonga sempre se referia assim
ao produto que vendia. Isso irritava Chiquim de uma forma que não era bem capaz
de explicar. Alguma coisa relacionada ao sentimento de que a maconha não fosse
um tóxico perigoso, como os idiotas para quem Pernalonga vendia insistiam em
dizer que era. Como se a adrenalina do “erro” os justificasse no vazio e
inexpressividade à que se sujeitavam quando chapados. Uma idiotice que
Francisquim aprendera a corrigir graças aos ensinamentos do padre Hosana, que
ele conhecera numa transação esquisita, anos atrás.
Por fim, entendia que era uma briga
perdida.
- Eu não falei nada disso, Perna.
Deixa de babaquice. Entende que falo como amigo, não é?
- Fala como pentelho.
- É, é, é, tô sabendo. Não quero que
você se cague mais, cagão.
- Tá legal.
- Agora me conta, que negócio é esse
de abrigar homem, rapá? Como é o nome, mesmo...
- Dario.
- Dá-rio-abaixo.
- Dá nada. Já foi até embora.
Esquece dele.
- Foi? Foi não. Passei por ele,
agora. Agorinha, tava sentado na varanda do seu tio, lendo um livro.
Pernalonga bateu o pé na terra,
sujando a sandália de poeira. Arremessou uma bolinha para Francisquim e gritou:
- Marralha!
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