quinta-feira, 3 de julho de 2014

Seqüência 17 - amigo novo tem que mostrar valor



            Darío já aprendeu que ao fumar na capela, tem que se ficar sempre atento se a polícia não chega e, ainda mais importante, tem sempre que vigiar os três carros que estão sempre passando juntos no centro, na madrugada. Para alguém cuja principal atividade consiste justamente de destrinchar o fios e tramas das ruas e vielas aqui de Macuco, ele até que achava pouco criativas as lendas da molecada. Uma insolência pela qual ele acabaria pagando uma hora ou outra.
Ele diz que o que está fazendo, o que está escrevendo, implica em converter o imaginário em algo real, esperando tocar as pessoas, recuperar suas vontades de integração e encadeamento de eventos. Algo que, ao mesmo tempo em diz buscar uma nova integração de pessoas em lugares, parece trabalhar muito melhor com a ideia romântica de se atravessar o fluxo do tempo, arregaçar as limitações naturais e botar pra foder na panela de caldo quântico do que já passou e passará. Eu não sei explicar.
Drummond escreveu isso aqui sobre o Guimarães Rosa:

João era tudo?/tudo escondido, florindo/como flor é flor, mesmo não semeada?/Mapa com acidentes/deslizando para fora, falando?/Guardava rios no bolso/cada qual em sua cor de água/sem misturar, sem conflitar?

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