Pernalonga
já tava de saco cheio de aguentar Jorge Tadeu e o bando de malucos usuais
chegando a qualquer hora em sua casa, enchendo o saco atrás de maconha. Agora,
trabalhando o dia inteiro virando massa, ele queria mais era chegar em casa e
ter alguma paz. E, por isso mesmo, ficou puto como nunca quando vira Lagarto
sentado no pé da goiabeira, fumando um baseadão cheiroso.
- Me dá um tapa desse negócio ai,
viado. – Pernalonga sentou do lado do amigo e deixou que ele contasse a
história.
- Hosana acreditava muito em você,
cara. Ele acha que você é o caminho ideal pros planos dele, mas pra isso você
tem que entrar pra igreja, né? Pode continuar vendendo maconha, mas tem que ser
a nossa, pro nosso pessoal. A Santa Maria é boa demais pra qualquer um, cara.
Esses pés de cana daqui não sabem de nada.
PERNALONGA
Fala logo o que você quer.
LAGARTO
Hosana não quer concorrência. Tem uns moleques ai passando um bagulho
bom, mas não tão bom. E estão cheirando toda a grana que recebem, chamando
atenção.
PERNALONGA
E eu com isso? Chama o Chiquin, porra.
LAGARTO
Hosana disse que a fé dele não é forte como a tua. Você é quem pode fazer
milagres, Pernalonga.
E essa agora, além de pagar as contas, de repente,
Pernalonga também tinha que aprender a fazer milagres.
Nenhum comentário:
Postar um comentário